Princípios Condutores
Para que o procedimento possa ser aproveitado da melhor forma possível, trazendo mais e melhores contribuições para o processo, ARAÚJO (2008) propõe alguns “princípios condutores” ao grupo, em relação à prática do workshop:
· Nunca chegar atrasado;
· Lidar com o material temático na perspectiva do depoimento pessoal ou de uma visão crítica própria;
· Não querer impressionar o diretor ou dramaturgo;
· Não reprimir nenhuma proposta ou ponto de vista;
· Ser sincero com você mesmo e com o outro;
· Apresentar uma resposta/cena;
· Evitar o didatismo.
Estes princípios denotam um posicionamento de seriedade em relação à prática do workshop, disciplinado e compromissado com o posicionamento pessoal de cada integrante do grupo, além de não perder de vista a dimensão da livre expressão/experimentação e do potencial criador individual.
Dentro da dinâmica do processo de criação do Teatro da Vertigem, percebemos a forte relação estabelecida entre a pesquisa realizada, seja ela teórica ou de campo, e os workshops. Há uma diretriz fundamental estabelecida no grupo de que as propostas engendradas nos workshops devem “beber” no material pesquisado por cada um, principalmente no que diz respeito ao tratamento dado à pesquisa de campo. ARAÚJO (2008) afirma que “existe um encaminhamento norteador para a pesquisa de campo, especialmente no caso dos atores. Eles devem, necessariamente, transformar aquela experiência in loco em algum material prático, quer sejam imagens, personagens, improvisações ou workshops. A visita ou encontro precisa ser reelaborado em forma cênica, não podendo se limitar apenas ao plano impressivo-subjetivo dos intérpretes. Além disso, eles devem adotar uma postura de observadores ativos, interferindo, questionando, duvidando, buscando inter-relações – mesmo sem se manifestar explicitamente durante o ato da pesquisa”. Desta forma, o material produzido através dos workshops, tornam-se sínteses cênicas provisórias de todo um arsenal de conteúdo, informação e experiências adquiridos através das pesquisas.
Essa dinâmica de trabalho de criação, através dos workshops, leva a uma grande quantidade de material cênico e dramatúrgico produzido. Segundo o encenador do Vertigem, parte deste material acaba sendo descartada, outra parte é guardada para ser utilizada em outros processos e uma terceira parte é aproveitada como material de criação tanto na dramaturgia quanto na encenação.